São Paulo, 14
de maio de 2012. As conversas, as notícias, o momento. Os assuntos, os motivos,
os sonhos. Os planos. Nossos índios estão deslumbrados com o mais novo modelo de espelhinho
multifuncional pago a preço de diamante, parcelado além do alcance da vista. Pouco
importa se o homem branco do hemisfério norte paga um terço do valor. Mesmo
quando o espelhinho é fabricado por uma criança mal nutrida na Indonésia.
O momento de crescimento econômico fenomenal se manifesta em todas as camadas da sociedade e através de vários aspectos do convívio entre as pessoas. A preocupação latina com o parecer para o outro inflama-se proporcionalmente ao tom e tempo do conjunto.
E falta assunto. Pelo menos pra quem quer falar da vida.
Enquanto todo mundo espera a copa eu espero um dia conseguir me alienar de vez.
Simplesmente evoluir ao ponto de abrir o jornal e não me importar com
cachoeiras de escândalos protagonizados por garotinhos maus e seus assessores
menos importantes. Quando eu for sábio ficarei impassível diante de tragédias e
inerte frente ao descaso.
Mas até lá...
Nas entrelinhas do que se diz nos jornais eu vejo um roteiro de filme. É uma versão dublada do velho sonho americano do pós-guerra. Self-maid men, contos de vitória e luxo. O triunfo da grana, através ou em busca dela. Sob uma trilha tropical e a partir da matriz gerencial caótica de uma ex-colônia de exploração, o velho sonho aqui ganha outras tramas. Porém, diferente da versão original em american english, a vitória não é do mérito. É da esperteza.
Nas entrelinhas do que se diz nos jornais eu vejo um roteiro de filme. É uma versão dublada do velho sonho americano do pós-guerra. Self-maid men, contos de vitória e luxo. O triunfo da grana, através ou em busca dela. Sob uma trilha tropical e a partir da matriz gerencial caótica de uma ex-colônia de exploração, o velho sonho aqui ganha outras tramas. Porém, diferente da versão original em american english, a vitória não é do mérito. É da esperteza.
Vou utilizar
um exemplo emblemático da dita “nova” era brasileira: Eike Batista.
Nosso número um, o homem de 30bilhões e ídolo por excelência da classe política, da mídia e dos mais diversos segmentos de mercado ou poder que aspiram pela oportunidade de acariciar um singelo pêlo entre os prováveis tantos de seu saco escrotal. Segundo sua auto-biografia,venceu por conta própria. Foi desbravar ouro no coração do Brasil e venceu na vida.
Nosso número um, o homem de 30bilhões e ídolo por excelência da classe política, da mídia e dos mais diversos segmentos de mercado ou poder que aspiram pela oportunidade de acariciar um singelo pêlo entre os prováveis tantos de seu saco escrotal. Segundo sua auto-biografia,venceu por conta própria. Foi desbravar ouro no coração do Brasil e venceu na vida.
Tal qual o cowboy, vestiu-se do conto e foi cantar sua vitória. Passou
dificuldades, mas perseverou e prosperou. E todos o aplaudem. Chegam até a seguir o Thor no twitter. Mesmo depois de ele
atropelar um pobre coitado.
Foco no Eike.
O que poucos sabem, mas é fácil de achar e tá até no Wikipédia, é que o papai do Eike foi presidente da Vale do Rio Doce, quando o Brasil “precisou” por conta de questões “estratégicas” “vender” minério de ferro pro Japão pós-guerra à preço de banana. Talvez eu devesse colocar o texto inteiro entre aspas. Com ou sem aspas, o vovô do Thor estava à frente de toda esta operação. Foi condecorado e tudo. Até ministro na era Collor ele foi...
E assim nasceu nosso bilionário.
O que poucos sabem, mas é fácil de achar e tá até no Wikipédia, é que o papai do Eike foi presidente da Vale do Rio Doce, quando o Brasil “precisou” por conta de questões “estratégicas” “vender” minério de ferro pro Japão pós-guerra à preço de banana. Talvez eu devesse colocar o texto inteiro entre aspas. Com ou sem aspas, o vovô do Thor estava à frente de toda esta operação. Foi condecorado e tudo. Até ministro na era Collor ele foi...
E assim nasceu nosso bilionário.
Vou
simplificar: Nas terras de chiquita, brita simplesmente não vira pepita.
Por aqui, no meio da zona, entre boladas e balas perdidas, preso nas ferragens do nosso planejamento de trânsito ou em uma falsa blitz eleitoral as regras são diferentes de lá. O velho oeste aqui tem samba, volta e meia abre um clarão na muvuca e um minuto depois do rabecão sair, tudo volta ao normal. Caos e cada um por si.
Eu estralo, mas não talho. Pelo menos por enquanto...
São Paulo, 14 de maio de 2012. Mas bem que poderia ser qualquer outra capital.
Ei, ke Batista?
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